Ela estava sozinha. Mas não se sentia só.
O silêncio da casa era confortável, íntimo.
As luzes do quarto vinham suaves, filtradas pela cúpula de linho. Lá fora, o vento batia lento nas janelas.
Aqui dentro, o corpo dela era fogo sob pele fria.
Escolheu uma camisola de cetim, leve, como se flutuasse sobre a pele. Por baixo, nada. Não queria camadas entre ela e o que sentia.
Acendeu uma vela aromática. Baunilha e canela.
Pegou um livro da estante — não pela história, mas pelo ritual de se permitir tempo. Página por página, os olhos percorriam as palavras… mas era o corpo que respondia.
A história falava de uma mulher que também esperava.
Mas quem ela esperava, exatamente?
A resposta vinha em imagens que nasciam dentro dela: mãos seguras, respiração quente, dedos que sabiam onde doía — e curavam sem pressa.
Ela se deitou. A camisola escorregou de leve, revelando ombros e desejos.
As pernas se entrelaçaram como se já fossem tocadas. Os dedos passearam pelos próprios contornos como quem conhece o mapa do prazer — e ainda assim se surpreende com cada curva.
Não havia nome, não havia rosto.
Só a certeza de que o prazer era todo dela.
E quando o corpo tremeu devagar, com a intensidade de quem se permitiu, ela sorriu.
Não por ter chegado a algum lugar.
Mas por ter se reencontrado.
Sozinha? Talvez.
Mas nunca tão acompanhada de si mesma.